Saturday, July 11, 2020

MEZINHA





"Ela, contudo, ao ver-me naquele estado, pôs-se a golpear enfurecidamente o rosto com as mãos, enquanto exclamava:
- Arruinei-me por completo;  o nervosismo, a pressa levaram-me a falhar; a semelhança dos boiões induziu-me em erro. Em todo o caso, ainda bem que a mezinha para essa metamorfose é fácil de encontrar: basta mastigares umas rosas para deixares logo esse aspecto de burro e voltares à condição do meu Lúcio. Oxalá tivesse preparado hoje à tarde umas coroas para nós, como costumava fazer, e nem precisarias sequer de ficar à espera uma noite."


Apuleio, O burro de ouro, III, 25, 2-4, trad. Delfim Leão, Lisboa: Cotovia, 2018, p.84. 

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