Thursday, August 31, 2017

TORÇÕES



"A propósito, Trout escrevera um livro acerca de uma árvore de dinheiro. As suas folhas eram notas de vinte dólares. As flores eram títulos do tesouro. Os seus frutos eram diamantes. Atraía seres humanos que se matavam uns aos outros à volta das raízes e davam ótimos fertilizantes. 
E é assim."


Kurt Vonegut, Matadouro Cinco, trad. Rosa Amorim, Lisboa: Bertrand Editora, 2011, p. 157.

Wednesday, August 30, 2017

ANGELO



" - Sabe o que é este menino? - disse-lhe, designando o pequeno Eros, oculto pelos ciprestes. 
Ela pensava que era um angelo
- Não, não era um anjo! Era um deus, o maior de todos os deuses e talvez o mais antigo. Reinava lá no Olimpo e continua reinando no Mundo. Este convento eleva-se sobre as ruínas dum templo antigo, cujas paredes caíram, tornadas em pó pelo tempo e pelo Homem. Só o menino permaneceu onde se encontra, com as flechas na mão, pronto a erguer o arco. Os antigos chamavam-lhe Eros, o deus do Amor. 
Ao pronunciar esta palavra sacrílega, o sino do convento começou a tocar, chamando as monjas para a oração da noite. Ela benzeu-se e saiu do jardim a toda a pressa."


Axel Munthe, O livro de San Michele, trad. Jaime Cortesão, Lisboa: Círculo de Leitores, 1974, pp. 126-127. 

Monday, August 28, 2017

OS BICHOS


"Conheci uma professora catedrática estúpida que dava aulas sobre Os Lusíadas. Criticou-me por andar a ler A Flora dos Lusíadas do Conde de Ficalho. Disse-me: «O Conde de Ficalho não era um crítico literário.» O problema de muitos literatos que falam de flores e de frutos, porque os poemas falam de flores e de frutos, é que não sabem nada de botânica. Não sabem nada de nada, muito menos de literatura."

Adília Lopes, Bandolim, Lisboa: Assírio & Alvim, 2016, p. 36. 

Sunday, August 27, 2017

DIFERENÇA



"- Não te vás embora; fica comigo ainda um bocado, que eu vou mostrar-te o que há nesta caixa de ouro que te interessava tanto. 
- Que tens tu nessa caixita de oiro? É algum animal? Pareceu-me ouvir o latido do seu coração no interior dela. 
- O que tu ouves são as pulsações do coração do Tempo. 
- O que é o Tempo? - perguntou o gnomo. 
- Não posso explicar-to, ninguém te poderá dizer o que significa o Tempo. Dizem que se compõe de três coisas diferentes: o Passado, o Presente e o Futuro."


Axel Munthe, O livro de San Michele, trad. Jaime Cortesão, Lisboa: Círculo de Leitores, 1974, p. 111. 

Friday, August 25, 2017

HELIOS


"O Homem foi criado para levar a sua própria cruz. E para isso o dotaram de vigorosos ombros. Enquanto o Homem se suporta a si próprio, pode suportar um sem-número de coisas. Pode viver sem esperança, sem amigos, sem livros, até sem música, contanto que seja capaz de escutar os seus próprios pensamentos, o canto dos pássaros em frente da janela e a voz do mar ao longe."

Axel Munthe, O livro de San Michele, trad. Jaime Cortesão, Lisboa: Círculo de Leitores, 1974, p. 8. 

NATUREZA


"A causa humana não constitui senão um todo, deve regular-se humanamente, como na natureza. 
Vejam a natureza: é nossa mãe e é nossa dona, nós nunca a amaldiçoamos, reconhecendo-lhe, embora os seus erros fundamentais e fatais. Ela não age de sangue frio, como os juízes humanos. Pune, mas somente com o fim de corrigir. Reparem nos que bebem muito: tornam-se alcoólicos. Se mão sabem parar a tempo, a natureza castiga-os progressivamente. A natureza é, de igual modo, cruel, muito menos, porém, do que os juízes que cortam uma cabeça ou a mandam cortar, o que é a mesma coisa, ou que fuzilam ou mandam fuzilar, ou que enviam criaturas humanas estiolar nas prisões. Que estas criaturas se corrijam ou não, pouco importa aos juízes. O culpado pode ou não arrepender-se, a contrição não conta para os que lavram as sentenças, conforme o código que não é e não pode ser senão um código de «repressão». Demais, toda a falta particular é uma falta geral."


Luigi Bartolini, Ladrões de Bicicletas, trad. Carlos Lobo de Oliveira, Lisboa: Guimarães Editores, 1950, p. 160. 

Wednesday, August 23, 2017

POLICIAR


"Verlaine, como se sabe, gostava dos ladrões. Amava-os, porque os conheceu na prisão. E tratava-os de «queridos ladrões». Quanto aos assassinos, qualificava-os de «doces assassinos». Talvez fosse questão de rima. Quanto muito, questão de palavras, estas admiráveis palavras dos poetas, de que se não toma conta na banal realidade. No que me diz respeito, se se tratasse para ser poeta, de me entregar à pederastia ou de me abandonar às alucinações que provoca o álcool, eu preferiria não ser, em face dos ladrões, senão um bom polícia. Um polícia paciente e tenaz. Um polícia que se diverte a dar caça a ladrões, que lhes tem raiva, que encontra aí matéria de poesia, mas ao contrário de Verlaine. De mais, quando aprendeu a adorar os ladrões na cadeia de Mons, não sabia ainda andar de bicicleta. Há no entanto uma caricatura em que o poeta é representado como ciclista."

Luigi Bartolini, Ladrões de Bicicletas, trad. Carlos Lobo de Oliveira, Lisboa: Guimarães Editores, 1950, pp. 21-22. 

SEGREDO


"Fosse qual fosse o segredo dele, eu aprendi também um segredo, a saber: que a alma é apenas uma forma de ser, não um estado constante, e que qualquer alma pode ser nossa se a captarmos e seguirmos as suas ondulações. O além talvez seja a plena capacidade de viver conscientemente em qualquer alma que se escolha, em qualquer conjunto de almas, todas elas inconscientes do fardo permutável que carregam."

Vladimir Nabokov, A Verdadeira Vida de Sebastian Knight, trad. Ana Luísa Faria, Lisboa: Relógio d'Água, 2013, p. 187. 

Monday, August 21, 2017

JUÍZO


"Estava tudo consumado. As últimas sombras envolviam-no a ele. Todo o homem pode ter no seu destino um fim do mundo para si só. É ao que se chama desesperação. A alma está cheia de estrelas, todas a cair."

Victor Hugo, O Homem Que Ri, vol. II, s. trad., Lisboa: Guimarães Editores, 1915, p. 179. 

JOSIANE


"- Gwynplane, eu sou o trono, tu és o estrado. Ponham-nos ao mesmo plano, Sinto-me feliz, eis-me decaída! Quisera que todo o mundo pudesse saber a que ponto chega a minha abjeção; mais ainda se prostraria: quanto mais se aborrece, mais se corteja. Hostil, mas réptil. Dragão, mas verme. Sou tão depravada como os deuses. Nem sempre me podem despir da gravidade de ser bastarda de um rei. Procedo como rainha. Quem era Rodope? Uma rainha que amou Phteh, o homem com cabeça de crocodilo, e que construiu em honra dele a terceira pirâmide. Pentesileia amou o centauro, a que se chama Sagitário, e que é uma constelação. E que dizes tu de Ana de Áustria? Mazarin era feíssimo. Tu não és feio; és disforme. O feio é pequeno, o disforme é grande. O feio é a careta do diabo por detrás do belo. O disforme é o inverso do sublime; é o lado oposto. O Olimpo tem duas vertentes; uma, do lado da luz, dá Apolo. A outra, do lado da noite, dá Polifemo. Tu és Titã. Serias Bahemot na floresta, Leviatã no oceano, e Tifão na sentina. És supremo. A tua disformidade participa do raio. O teu rosto foi transformado por um trovão. O que tu tens na face é a impressão colérica do grande punho de chamas. Amassou-te e passou. A vasta cólera obscura, num acesso de raiva, prendendo-te a alma com visco sob esse rosto sobrehumano. O inferno é um fornilho penal, em que se esbraseia o ferro que se denomina a Fatalidade; foi com este ferro que te marcaram. Amar-te, é compreender o grandioso."

Victor Hugo, O Homem Que Ri, vol. II, s. trad., Lisboa: Guimarães Editores, 1915, p.  99. 

Friday, August 18, 2017

RICTUS


"Podia-se quasi dizer que Gwynplaine era um homem vivo, em cujo rosto tinham posto a sombria máscara morta da comédia antiga; tinha em cima do pescoço aquela cabeça infernal, símbolo da hilaridade implacável. Que fardo para os ombros dum homem, o do riso eterno! Riso eterno. Entendamo-nos e expliquemo-nos. Dando-se crédito aos maniqueus, o absoluto verga por momentos e o próprio Deus tem intermitências. Entendamo-nos também acerca da vontade. Não admitamos que ela possa ser sempre inteiramente impotente. Não há existência que se não assemelhe a uma carta que o post scriptum modifica. Para Gwynplaine o post scriptum era o seguinte: à força de vontade, concentrando nela toda a sua atenção, e com a condição de que nenhuma comoção o distraísse, e lhe afrouxasse a fixidez do esforço, podia chegar a suspender o eterno rictus do rosto e a juntar-se uma espécie de véu trágico, conseguindo que depois, em vez de se rirem na presença dele, estremecessem."

Victor Hugo, O Homem Que Ri, vol. II, s. trad., Lisboa: Guimarães Editores, 1915, p. 61. 

Wednesday, August 16, 2017

ARTEMISA


"Um enterro monumental. Mausoléu, comparativamente, e guardadas as distâncias que separam Fermedo da Grécia antiga, não foi mais honrado na morte por Artemisa, a legendária viúva lacrimosa. Missas gerais, dois dias áfios, desde o alvorecer da manhã até ao meio-dia. Ofício de cinquenta padres - a máxima gritaria que pode fazer-se com a língua latina degenerada. Armadores do Porto, a igreja toda de crepe, e catafalco, galões de prata franjada, tocheiras de casquinha fornecidas pelas igrejas do concelho. Todas as confrarias de que o defunto era irmão, com bandeira alçada, nos pulsos cabeludos de homens valentes em mangas de camisa por baixo das opas pegajosas de surro. Bastantemente bêbados alguns. A banda musical de Arouca gemia marchas fúnebres, a «Sombra de Nino», da Semíramis - música de Rossini em Arouca!  -, faziam os funerais de Roberto e da arte assassinada. Os sinos a dobrarem até à meia-noite, e a recomeçarem no dia seguinte ao amanhecer. Um terror da natureza animal! Os cães, numa aflição lamentosa, uivavam com os focinhos altos e os olhos fechados; as rãs deixavam de coaxar alegremente e mergulhavam espavoridas as cabeças nos limos dos seus pântanos; revoadas de pardais esfuziavam, estridentes das sebes enfolhadas, gotejantes de orvalho; e os gaios, esvoaçando-se escorraçados, gralheavam nos pinheirais."

Camilo Castelo Branco, Vulcões de Lama, Lisboa: Círculo de Leitores, 1983, p. 81. 

MATERNIDADE



"- Aquilo não é nada - dizia o médico. - Antecipou-se, é o que foi. 
- O quê ?! - perguntava o pai esbugalhando uns olhos congestionados de projectos homicidas. 
- Antecipou-se ao sétimo sacramento. Tudo se remedeia. A natureza fez a mulher que é carne putrecível, e a Igreja fez o sacramento que é o sal da carne em risco de apodrecer. Você percebe-me?
- Acho que sim: o senhor doutor quer dizer na sua que a rapariga... - e fez com as mãos enormes e convexas uma espécie de cúpula sobre o estômago. 
- Ora aí está: é isso. Deu no vinte. Agora é casá-la, meu homem, é casá-la com o sujeito que... e fez também com as mãos uma cúpula sobre o estômago, errando mais palmo menos palmo a topografia do fenómeno em questão."


 Camilo Castelo Branco, Vulcões de Lama, Lisboa: Círculo de Leitores, 1983, p. 47. 

Saturday, August 12, 2017

VISÃO


"Uma luz suave inundava os compartimentos. Teria sido possível por momentos supor que o sol era expressão de algo que amava e sofria pelos homens. Os seres humanos flutuavam como peixes em água dourada, livres da ação da gravidade, voando sem asas, transparentes, num aquário de vidro. Caras feias e desajeitadas, corpos que se transmutavam, se não em beleza, pelo menos em grotescas formas como que modeladas por uma irónica afeição."

Graham Greene, Oriente-Expresso, trad. Jorge de Sena, Lisboa: Círculo de Leitores, s.d., p. 62. 

Thursday, August 10, 2017

EXISTÊNCIAS


"O sonho tem sombrias vizinhanças fora da vida; o pensamento decomposto dos dormentes flutua por cima deles, qual vapor vivo e morto, e combina-se com o possível que paira no espaço, e que provavelmente também pensa. Provêm daqui infalíveis amálgamas. O sonho, que é uma nuvem, sobrepõe a densidade, e a transparência que lhe são próprias ao espírito, que é uma estrela. Por sobre as pálpebras cerradas, em que a visão substituiu a vista dilata-se no impalpável uma desagregação sepulcral de perfis e aspetos. Pelo sono, que é a margem da morte, amalgama-se-me com a vida uma dispersão de existências misteriosas."

Victor Hugo, O Homem Que Ri, vol. I, s. trad., Lisboa: Guimarães Editores, 1915, p. 153. 

Wednesday, August 9, 2017

ESTREMECIMENTO



"Ali há combates de hidras, e encontros de leviatãs. Segundo dizem as lendas, há no fundo daquele funil gigante, cadáveres de navios agarrados e submersos pela imensa aranha Kraken, a que chamam também peixe montanha. Eis o que é a medonha sombra do mar.
Estas realidades espectrais, ignoradas pelo homem, manifestam-se na superfície por pequeno estremecimento."


Victor Hugo, O Homem Que Ri, vol. I, s. trad., Lisboa: Guimarães Editores, 1915, p. 85. 

Tuesday, August 8, 2017

RESTO


"Isto de ser um resto, é coisa cuja explicação escapa à língua humana. Ter deixado de existir, é persistir ; é estar no pego e fora dele; é reaparecer na superfície da morte, como insubmersível. Existe misturada com tais realidades certa quantidade de impossível. Resulta daqui o invisível. Aquele ente - seria um ente? - aquela testemunha negra era um resto, e um resto terrível. Resto de quê? Em primeiro lugar, da natureza; depois, da sociedade. Zero e total."

Victor Hugo, O Homem Que Ri, vol. I, s. trad., Lisboa: Guimarães Editores, 1915, p. 60. 

Monday, August 7, 2017

COMPLEXA




"As ideias simples não passam de sensações comparadas. Há juízos nas simples sensações, assim como nas sensações complexas, que eu designo como ideias simples. Na sensação, o juízo é puramente passivo, afirma que se sente o que se sente. Na percepção ou ideia, o juízo é activo; aproxima, compara, determina as conexões que o sentido não determina. Eis toda a diferença; mas ela é grande. A natureza não nos engana; somos sempre nós que nos enganamos."

Jean-Jacques Rousseau, Emílio, vol. I, Livro III, trad. Pilar Delvaulx, Mem Martins: Publicações Europa-América, 1990, p. 223. 

Sunday, August 6, 2017

ARA


"Para assegurar a realidade e a duração de uma construção, repete-se o acto divino da construção exemplar: a Criação dos mundos e do homem. Primeiro, a «realidade» do lugar é obtida pela consagração do terreno, isto é, pela sua transformação num «centro»: em seguida, a validade do acto de construção é confirmada pela repetição do sacrifício divino. Claro que a consagração do «centro» se passar num espaço qualitativamente distinto do espaço profano. Através do paradoxo do rito, todo o espaço consagrado coincide com o Centro do Mundo, tal como o tempo de qualquer ritual coincide com o tempo mítico do «princípio»."

Mircea Eliade, O Mito do Eterno Retorno, trad. Manuela Torres, Lisboa: Ed. 70, 1978, p. 35. 

Saturday, August 5, 2017

O DIVINO



"Pois insensível
É a Natureza:
O Sol alumia
OS maus e os bons, 
E o criminoso
Vê como os melhores
Brilhar Lua e as estrelas."


J. W. Goethe, Poesia, trad. João Barrento, Lisboa: Círculo de Leitores, 1993, p. 53.

Friday, August 4, 2017

SOL



"Durante uma bela tarde, vai passear-se para um lugar agradável, onde o horizonte bem desanuviado permite assistir ao pôr do Sol, e observem-se os objetos que tornam reconhecível o lugar do seu ocaso. No dia seguinte, para se tomar um pouco de ar fresco, volta-se ao mesmo lugar, antes do Sol nascer. Muito antes de aparecer, já este se anuncia com os raios de fogo que lança à sua frente. O incêndio aumenta, o oriente parece estar em chamas; vendo o seu brilho. crê-se que o astro vai aparecer, muito antes de ele se mostrar; por fim, lá está ele. Um ponto brilhante é lançado como uma flecha e, imediatamente a seguir, todo o espaço fica cheio com ele; o véu das trevas retira-se e cai. O homem reconhece o lugar onde vive e acha-o mais belo."

Jean-Jacques Rousseau, Emílio, vol. I, Livro II, trad. Pilar Delvaulx, Mem Martins: Publicações Europa-América, 1990, p. 179. 

Thursday, August 3, 2017

FONTE



"Fontes rebentam, quase
depressa de mais, 
Sereno e sagrado, 
do fundo o que as impele?

Deixa na pedraria
preparar-se o brilho. 
pra nos acompanhar
humilde pelos prados. 

E nós, que respondemos
a um gesto assim?
Ai, como desmembramos
a água e a terra!"


Rainer Maria Rilke, Poemas, 5.ª ed., trad. Paulo Quintela, Porto: Asa, 2003, pp. 354-355. 

Wednesday, August 2, 2017

ESPERANÇA



"Mas o limite, o portão detestado
Dessa brônzea muralha, é aberto, 
Embora se erga como antigo rochedo!
Um ser se agita, etéreo, liberto:
Faz-nos renascer de chuva, céu nublado, 
E dá-nos as asas - conhecei-lo, decerto:
Seu voo anima todas as regiões;
Um golpe de asa - e atrás de nós, eões."


J. W. Goethe, Poesia, trad. João Barrento, Lisboa: Círculo de Leitores, 1993, p. 180. 

Tuesday, August 1, 2017

NECESSIDADE



"E então voltamos ao que estava escrito: 
Limite e lei, toda a vontade
É um só Querer, de que somos súbdito,
E perante ele nada o arbítrio pode;
O que mais queremos, do peito é proscrito, 
Cede o capricho à dura necessidade.
E, com os anos, livres só na aparência, 
Mais apertados estamos que à nascença."


J. W. Goethe, Poesia, trad. João Barrento, Lisboa: Círculo de Leitores, 1993, pp. 179-180.