Tuesday, November 30, 2021

ARENOSO

 


"Durante a tempestade, uma mulher e ser vivo sentou-se no solo arenoso por detrás do cavalo; tinha todo o comprimento das pernas tapado por uma longa saia, o busto assente num sucedâneo de pedra preta ou ardósia. Com o primeiro relâmpago, a saia abriu-se numa rosa: as pétalas multiplicavam-se tantas quantas as areias do deserto."


Maria Gabriela Llansol, O Livro das Comunidades, Lisboa: Relógio d'Água, 1999, p. 39. 

Monday, November 29, 2021

RUÍDO

 



"despossuído apenas o ruído
que ninguém fez passando junto ao
sítio onde as nuvens baixaram, 

movendo quase dócil
o dorso do ar, 
a graça dos sentidos."


António Franco Alexandre, "A Pequena Face", in Poemas, Lisboa: Assírio & Alvim, 2021, p. 179. 

Sunday, November 28, 2021

SEGUNDA HOMILIA

 




"o frio sempre igual, delicado e intenso. Os campos marginais cobriram-se de geada: são as primeiras horas da manhã. De noite não senti o habitual desejo de voltar a percorrer este caminho; mas antes de chegar entristeci; a geada cada vez mais espessa e, pouco a pouco, as folhas são todo o branco e um rumor mineral debaixo de meus pés.
É uma ilusão crer que, 
de um lado e de outro do caminho, 
os ramos se aproximaram. Deve ser o efeito da sombra. Os troncos de ontem já não obstruem a medo; alguns repousam de lado, debaixo das ramas; sentei-me sobre os calcanhares."


Maria Gabriela Llansol, O Livro das Comunidades, Lisboa: Relógio d'Água, 1999, p. 25. 

Saturday, November 27, 2021

AGITAR

 


"«Este vem pr' agitar a gente», disse o homenzinho. «S' há coisa qu' eu não suporto é um agitador.»
«A qu' igreja pertences, tu aí, ó rapaz?», perguntou Haze, apontando para o rapaz seguinte. «A qu' igreja pertences?»
«À igreja de Cristo», respondeu o rapaz com voz de falsete para esconder a verdade.
«Igreja de Cristo!», repetiu Haze. «Pois eu prego a Igreja sem Cristo. Sou membro e pregador dessa igreja, ond' os cegos não vêem, os coxos nã andam e o que 'tá morto, morto fica. Perguntem-me sobr' essa igreja e eu digo-vos qu' é a igreja qu' o sangue de Jesus nã conspurca com a redenção.»
«É pregador», disse uma das mulheres. «Vamos embora.»"


Flannery O'Connor, Sangue Sábio, trad. Nuno Batalha, Lisboa: Cavalo de Ferro, 2007, p. 80. 

Thursday, November 25, 2021

CONFLAGRAÇÃO

 




"XXVIII.
Transformações do fogo: primeiro, mar; do mar, metade terra, metade ardência. O mar distende-se e mede-se no mesmo lógos, tal como era antes de se tornar terra."


Heraclito, Fragmentos Contextualizados, trad. Alexandre Costa, Lisboa: IN-CM, 2005, p. 144. 

Wednesday, November 24, 2021

UT SOL

 


"Quando ler um texto era comentá-lo..., a ideia de que um texto é para bom uso, faz-me evocar o meu próprio corpo, e a sensualidade do entendimento. Abelardo dava o seguinte conselho: «aprende durante muito tempo, ensina tarde, e somente o que julgares vale a pena. Quanto a escrever, não te apresses». 
Estarei no momento em que me desvio para aprofundar a confusão de uma experiência do prazer carnal? Não me dou conta de que, como a lectio, sou um ser livre, solto na dependência, e na obscuridade."

Maria Gabriela Llansol, Um Falcão no Punho -  Diário I, Lisboa: Assírio & Alvim, 2021, p. 47. 

Tuesday, November 23, 2021

LÁ FORA

 


"Ná há nada fora da gente que nos possa dar um lugar», disse ele. «Nã vale a pena olhar prò céu porqu'ele nã se vai abrir nem nos vai mostrar nenhum sítio através das nuvens. Nem vale a pena andar à cata dum buraco no chão que nos deixe ver qualquer coisa que esteja para lá disso. Nã podemos ir nem prà frente nem pra tràs, nem prò tempo dos nossos pais nem prò dos nossos filhos, se os tivermos. Todo o espaço qu'existe 'tá dentro de nós, agora mesmo. Se houve alguma Expulsão do Paraíso, procurem aí, se houve Redenção, procurem aí, e se 'tão à espera dalgum Julgamento, procurem aí, porque todas três coisas vão ter d'acontecer no vosso tempo e no vosso corpo, e onde no tempo e no corpo é qu'isso pode existir?"


Flannery O'Connor, Sangue Sábio, trad. Nuno Batalha, Lisboa: Cavalo de Ferro, 2007, pp. 125-126. 

Monday, November 22, 2021

SALVAÇÃO

 



"«Eu posso salvar-te», disse ela. «Tenh'uma igreja cá no meu coração onde Jesus é Rei.»
Ele debruçou-se na direcção dela, lançando-lhe um olhar irado.
«Eu acredito num tipo novo de Jesus», declarou ele, «Um que nã pode andar a desperdiçar o sangue dele pra redimir as pessoas co'ele porque ele é todo homem e nã tem Deus nenhum dentro dele. A minha igreja é a Igreja sem Cristo!»
Ela aproximou-se dele.
«Uma bastarda pode salvar-se nessa tua igreja?», perguntou.
«Na Igreja sem Cristo nã há bastardos», respondeu ele. Toda a gente é igual. Um bastardo nã ia ser diferente de mais ninguém.»
«Ainda bem», disse ela."


Flannery O'Connor, Sangue Sábio, trad. Nuno Batalha, Lisboa: Cavalo de Ferro, 2007, p. 93. 

Sunday, November 21, 2021

PECADO


"A partir daqui fica claro - segundo creio - que a nenhum prazer natural da carne se deve designar pecado, nem se deve atribuir culpa naquilo que nos causa prazer, quando se realiza aquilo que necessariamente produz prazer. Se, por exemplo, algum religioso, preso com correntes, é por alguém obrigado a deitar-se entre mulheres, e aquela doçura do leito e o contacto com as mulheres que o rodeiam, o arrastam ao prazer, mas não ao consentimento, quem ousa atribuir culpa a este prazer que a natureza torna inevitável?"


Pedro Abelardo, Conhece-te a ti mesmo, trad. Filipe Gonçalves, Porto: Edições Afrontamento, 2013, p. 85. 

 

Saturday, November 20, 2021

PEREGRINAÇÃO

 



"É de madrugada, razão por que estou a escrever. Tendo conhecido tantos seres, já tinha sede de escolher os seus, no regresso da sua peregrinação a esta casa. O que aprendi é que não há seres absolutos, e que o mundo é contido pelos muros que nos esperam."


Maria Gabriela Llansol, Um Falcão no Punho -  Diário I, Lisboa: Assírio & Alvim, 2021, p. 61. 

Friday, November 19, 2021

LE MEPRIS

 


"Na verdade, chamamos propriamente pecado a este consentimento, isto é, a culpa da alma, pela qual é merecedora da condenação que é estatuída ré perante Deus. Com efeito, que coisa é este consentimento senão o desprezo e a ofensa de Deus? Certamente, Deus não pode ser ofendido pelo dano, mas pelo desprezo. De facto, Ele é aquele sumo poder que por nenhum dano pode ser diminuído, mas pune o desprezo que lhe é feito. Assim, o nosso pecado é o desprezo do Criador, e pecar é desprezar o Criador, isto é, não fazer por Ele o que cremos que devemos fazer, ou deixar de fazer por Ele o que cremos que se deve deixar de fazer. Portanto, quando definimos o pecado de forma negativa, dizendo, seguramente, não fazer ou deixar de fazer o que convém, mostramos claramente que o pecado é a ausência de substância, o que subsiste mais no não ser do que no ser. Como se ao definirmos trevas, dizemos que são ausência de luz onde deveria haver luz."

Pedro Abelardo, Conhece-te a ti mesmo, trad. Filipe Gonçalves, Porto: Edições Afrontamento, 2013, p. 71. 

Thursday, November 18, 2021

ESQUECER

 


"Haze demorou muito tempo a acreditar neles porque queria acreditar neles. Tudo o que ele queria era acreditar neles e livrar-se daquilo uma vez por todas, e viu aqui a oportunidade de se ver livre daquilo sem adulteração, de se converter a nada, em vez de ao mal. O exército enviou-o para o outro lado do mundo e esqueceu-o. Ele foi ferido e eles lembraram-se dele durante tempo suficiente para lhe tirar o estilhaço do peito - eles bem disseram que o tinham tirado, mas nunca lho mostraram, e ele ainda o sentia lá dentro, enferrujado e envenenando-o. Depois, mandaram-no para outro deserto e esqueceram-no novamente. Ele teve todo o tempo do mundo para estudar a sua alma e se assegurar de que ela não existia. Quando se convenceu completamente, viu que sentia saudades de casa, não tinha nada a ver com Jesus."


Flannery O'Connor, Sangue Sábio, trad. Nuno Batalha, Lisboa: Cavalo de Ferro, 2007, p. 19. 

OUTRO MUNDO

 



"- Porque mentes, Aleixo? - Uma voz branda (azul) a ignorar a dor dos braços, um imperceptível movimento das ancas. 
- As palavras não são verdadeiras nem falsas. - (São como as árvores, escrevo agora, são como as pedras, são como todas as outras coisas.) Continuo debruçado sobre o sinalzinho preto sem ousar beijá-lo. Não sei se lhe disse, se pensei, se é este caderno que me convida a escrever: as palavras são para as dizermos e por isso é que existem, a verdade e a falsidade não têm nada a ver com elas, fazem parte doutro mundo."


Augusto Abelaira, Bolor, 2.ª ed., Lisboa: Livraria Bertrand, 1970, p. 174. 

Tuesday, November 16, 2021

ENVOLVER A REALIDADE NUMA ATMOSFERA SUGESTIVA

 



"É frequente em Herbais o tempo, sem a luz, tornar-se verde.
Ele (Musil) diz: - O dom de envolver a realidade numa atmosfera sugestiva (o poeta).
Eu digo: - O dom de envolver uma atmosfera sugestiva na realidade (que procuro desenvolver pouco a pouco, e a que chamo escrita, seja ou não expressa verbalmente e incorporada, por sinais, no papel).
Eu sei que devo lutar contra o aspecto taciturno das coisas, e a constante vacilação mental que as minhas próprias perguntas me obrigam a aceitar."


Maria Gabriela Llansol, Um Falcão no Punho -  Diário I, Lisboa: Assírio & Alvim, 2021, p. 65.


Monday, November 15, 2021

DESCENDÊNCIA

 



"O que é a descendência?
A seiva sobe e desce numa árvore, estende-se pelos ramos, e é regulada pelas estações; eu e a árvore dispomo-nos uma para a outra, num lugar por nomear. Este lugar não tem uma significação de dicionário, não transmigrou para nenhum livro.

Agora o sol, o solo, a solo, encandeiam-me nas palavras. Esta madrugada aproximei-me da certeza de que o texto era um ser."


Maria Gabriela Llansol, Um Falcão no Punho -  Diário I, Lisboa: Assírio & Alvim, 2021, p. 50. 

Sunday, November 14, 2021

VELHAS ÁRVORES



"Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto as mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...

O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres de fomes e de fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das árvores tagarelas. 

Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:

Na glória da alegria e da bondade, 
Agasalhando os pássaros nos ramos, 
Dando sombra e consolo aos que padecem!"


Olavo Bilac, O Caçador de Esmeraldas e outros poemas, Rio de Janeiro: Ediouro, 1997, p. 62. 

 

Saturday, November 13, 2021

ESTRELA



"Escrever é usar as palavras e não os olhos - saberás tu que eu escrevo? E ao mesmo tempo pus-me a observar-lhe os cabelos: são teus esses cabelos, foste tu a escolher esse penteado?
Ela continuava:
- Aprende a olhar, pois as palavras são cegas, são surdas, não têm sabor, nem tacto..."


Augusto Abelaira, Bolor, 2.ª ed., Lisboa: Livraria Bertrand, 1970, p. 35. 

 

Thursday, November 11, 2021

SÃO MARTINHO

 




"Eterno era só Deus. Os povos não.
E não as línguas e as cidades. Mas 
quem vive de alheamento e sobrevive
não é que eterno se ignora morto?"


Jorge de Sena, "Exorcismos", in Poesia 1, Lisboa: Babel, 2013, p. 636. 


Wednesday, November 10, 2021

NOVEMBRO

 



"Em Novembro - sexta dificuldade - quando as mulheres andam com braçados de crisântemos e na outra mão levam o regador, vou de campa em campa e benzo-me com a mão ausente, aquela que já lhes pertence e que elas estendem fraternalmente sobre mim."

Daniel Faria, Sétimo Dia, 2: 22., Lisboa: Assírio & Alvim, 2021, p. 80. 

Monday, November 8, 2021

BORDERLINE

 


"Ficou aquele povo à borda da água, os olhos bebendo o mistério e a solidão do pego. Erram ao redor uma presença de tempo sem fim e uma vaga saudade das ondas remotas levando ao bico dos patos e à encosta das dunas as grandes flores marinhas."


Carlos de Oliveira, Alcateia, Lisboa: Assírio & Alvim, 2021, p. 45. 

Sunday, November 7, 2021

PERDER



" - Homem desonrado é como a raiva. Pra mim, não serve! 
Qual seria a sua estrela? Os céus estavam coalhados daqueles olhos luminosos. Eram rasgões do manto em que Deus se embrulhava. Deus tinha uma coberta toda esburacada como os pobres e os que sofrem. Não entenderia ele a sua dor? Perder Glória era como perder o chão firme da vida. As estrelas estavam longe e eram frias; o manto de Deus continuava sereno, insensível, sem uma ondulação, e o frio da lua começava já a varar pelo alto, desolado e triste. Deus ficava surdo. Capula sentia-se abandonado, sem ninguém que pudesse alcançar aquele medo que o tomava. Perder Glória! Contasse a quem contasse, de nada servia; passavam coisas no coração dum homem que os outros não entendiam. 
A noite fechara-se por completo. Os garoto tinham debandado, os pássaros dormiam, e os morcegos continuavam a rondar as árvores quietas."


Carlos de Oliveira, Alcateia, Lisboa: Assírio & Alvim, 2021, p. 71. 

Saturday, November 6, 2021

ANIVERSÁRIO

 



"A antiga casa que os ventos rodearam
Com suas noites de espanto e de prodígio
Onde os anjos vermelhos batalharam

A antiga casa de inverno em cujos vidros
Os ramos nus e negros se cruzaram
Sob o íman dum céu lunar e frio

Permanece presente como um reino
E atravessa meus sonhos como um rio"


Sophia de Mello Breyner Andresen, Geografia, Lisboa: Caminho, 2004, p. 51. 

Friday, November 5, 2021

INCENDIADA

 



"Há em toda a poesia uma contradição essencial. A poesia é multiplicidade triturada e incendiada. E a poesia, que estabelece a ordem, suscita primeiro a desordem, a desordem dos aspectos incendiados; provoca o choque que leva a um ponto único: fogo, gesto, sangue, gritos."

Antonin Artaud, Heliogabalo ou o Anarquista Coroado, trad. Mário Cesariny, Lisboa: Assírio & Alvim, 1991, p. 100. 

Thursday, November 4, 2021

HONOUR

 



"Impressionou bastante Honour Langtry o facto de se considerar não uma esposa mas uma amante. Ser esposa era claro e seguro. Mas em todas as amantes havia uma aura de encanto e mistério. Contudo, a realidade não correspondia. Os seus encantos eram breves e furtivos; era desconcertante descobrir que passavam o tempo todo a fazer amor sem conseguirem uma forma mais inteligente de comunicação. Não que lhe desagradasse fazer amor ou que achasse uma actividade indigna. Aprendeu rapidamente com ele e era bastante inteligente para adaptar-se e modificar-se de forma a satisfazê-lo sempre sexualmente e a ter também prazer. Mas as pequenas pistas que ele lhe fornecia para chegar ao seu íntimo nunca puderam ser seguidas por falta de tempo.
E depois, um dia, ele fartou-se dela. Disse-lho imediatamente, sem procurar desculpar-se. Do mesmo modo tranquilo, ela aceito o facto, pôs o chapéu e as luvas e saiu da vida dele. Uma pessoa diferente."


Colleen McCullough, Uma Obsessão Indecente, trad. Luísa Feijó, Lisboa: Difel, 2008. p. 81. 

Wednesday, November 3, 2021

UM TEMPO

 


"Certamente, vivemos um tempo de prodígios. A física nuclear, por exemplo, encontra-se à beira dos mais íntimos segredos da matéria e são imagináveis hoje espantosas mutações. Mas qualquer identificação entre o conhecimento científico e o experimentalismo literário (o letrismo, a poesia concreta, a atomização dos versos, das palavras, a produção poética através de máquinas, etc.) não deve ser tomada a sério, se é que alguém a propões claramente."

Carlos de Oliveira, O Aprendiz de Feiticeiro, Lisboa: Assírio & Alvim, 2004, p. 179. 

Tuesday, November 2, 2021

DIA DOS MORTOS

 



"Não nos cabe considerarmo-nos homens salvos, 
mas uma cidade, ó Cirno, totalmente saqueada."


Teógnis, in Poesia Grega, de Hesíodo a Teócrito, ed. e trad. Frederico Lourenço, Lisboa: Quetzal, 2020, p. 149. 

Monday, November 1, 2021

LEMBRAR

 


"E o vulto, voltando-se compassadamente, mostrou a Frederico o semblante descarnado e as órbitas vazias de um esqueleto, rebuçado na estamenha de um eremita. 
- Anjos todos do céu, vinde em meu auxílio! - clamou Frederico, recuando.
- Bem o precisas! - disse-lhe o fantasma. 
Caindo de joelhos, Frederico suplicou misericórdia. 
- Não te lembras de mim? - disse a aparição. - Lembra-te do bosque de Joppa!
- Sois aquele santo eremita? - disse Frederico, tremendo. - Que posso eu fazer pelo vosso eterno repouso?
- Foi para te entregares a deleites carnais que te libertaste do cativeiro? Hás esquecido a espada enterrada no bosque e os dizeres nela gravados?
- Não me hei esquecido, não - respondeu Frederico. - dizei-me, bento espírito, que haveis por bem mandar? Que devo eu fazer?
- Esquecer Matilda - respondeu a aparição, esvaindo-se."


Horace Walpole, O Castelo de Otranto, trad. Manuel João Gomes, Lisboa: Editorial Estampa, 1978, p. 158.