Thursday, January 31, 2019

CEIA


"Na famosa campanha teatral, sustentada durante uma estação lírica pelos partidários da Bolloni e da Dabedeille, ferveram abundantissimamente através de ovações e de pateadas consecutivas, as provocações recíprocas das «dilletanti», as mocadas, os bofetões e os duelos. Numa ceia oferecida à Dabedeille no restaurante clássico da Ponta da Pedra, Camilo, ao levantar um brinde cavalheiresco à Bolloni vencida, teve a palavra cortada, bem como a testa, por um copo que lhe arremessara um «dabedeillista» intransigente, infrene e embriagado."

Ramalho Ortigão, "O Porto em 1850", in Portugal - a Terra e o Homem, antologia de textos de escritores dos séculos XIX-XX , org. Vitorino Nemésio, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian/Editora Arcádia, 1978, p. 75.

Wednesday, January 30, 2019

MÃE VERDE


"Depois de Deus, foi a árvore - a Mãe verde - que fez o homem; que o nutriu aos seus peitos; que o embalou no seu regaço; que, com a música dos seus ninhos, o ensinou a cantar e a chorar. Nas primeiras idades, nas primitivas civilizações - eu bem sei - o homem adorou a árvore, construiu no meio dos bosques os seus templos brancos, sagrou os loureiros, os carvalhos, os ciprestes, povoou a floresta dos seus deuses, - faunos hirsutos, silvanos risonhos, dríades e amadríades nuas, cujos corpos brancos rebolavam voluptuosamente na relva fresca. Mas os deuses passam depressa - que seria de nós se assim não fosse! - e o homem, emancipado, esqueceu-se de que devia tudo à árvore. Os descendentes dos velhos dendrólatras tornaram-se arboricidas."

Júlio Dantas, "A Mãe Verde", in Contos, Lisboa: Sociedade Editora Portugal-Brasil, s.d., p. 151. 

Tuesday, January 29, 2019

ILUSÃO



"E o Diabo, rindo às gargalhadas, o monóculo na órbita, um cigarro entre os dedos, exclamou, mais uma vez:
- Ilusão! Ilusão!
- Mas, porque chamas tu ilusão a este espetáculo sublime?
- Todos estes loucos se mataram e morreram para criar uma pátria melhor do que as outras. E afinal - ingénuos! - há uma pátria só, que é o mundo inteiro!"


Júlio Dantas, "As Três Cavalgadas", in Contos, Lisboa: Sociedade Editora Portugal-Brasil, s.d., p. 214. 

Monday, January 28, 2019

PODER


"O animal o escrutiniza por sobre o estreito abismo da não-compreensão. É por isso que o homem pode surpreender o animal. Mas o animal - mesmo domesticado - também pode surpreender o homem. O homem também olha sobre um abismo de não-compreensão semelhante embora não idêntico. E isso acontece aonde quer que ele olhe. Ele está sempre olhando por sobre a ignorância e o medo. E assim, quando ele está sendo visto pelo animal, está sendo visto como aquilo que o cerca é visto por ele. Seu reconhecimento disso é que torna familiar o olhar do animal. Mas o animal é distinto, e nunca pode ser confundido com o homem. Assim atribui-se um poder ao animal, comparável com o poder humano, mas jamais coincidente com ele. O animal tem segredos que, diferente dos segredos das cavernas, montanhas e mares, são dirigidos especificamente ao homem."

John Berger, Sobre o Olhar, trad. Lya Luft, Amadora: Editorial Gustavo Gili, 2003, p. 13. 

Sunday, January 27, 2019

OFERTA



" - Não é verdade, amigo, que vai ser um espectáculo surpreendente?
- Mas - ousou Cervantes - daqui ao Estígio ainda é longe...
- Tenho ali o meu Rolls Royce. São dez minutos. As estradas do Inferno estão muito boas...
- Vamos lá. 
Daí a pouco, o automóvel partia, numa cintilação rápida de metais, com Cervantes dentro e o Diabo ao volante."


Júlio Dantas, "As Três Cavalgadas", in Contos, Lisboa: Sociedade Editora Portugal-Brasil, s.d., pp. 205-206. 

Saturday, January 26, 2019

PROVAS



" - Filho amado - disse o ermitão - se não existisse Deus, não haveria ressurreição e o mundo seria eterno, e seria por si mesmo, e o homem, depois de morto, estaria em privação e não ser. De onde se seguiria que o mundo fosse para que os homens estivessem mais no não ser do que no ser, pois no não ser estariam sem fim, e no ser apenas enquanto vivem no mundo. Podeis, assim, considerar e saber por vós mesmos que, se não existisse Deus, a vossa natureza não teria sentido pavor da serpente; pois o natural seria desejar a morte, já que a morte seria ocasião para que o homem passasse ao seu maior estado, isto é, a estar sempre em privação. Mas, posto que a vossa natureza sente temor da morte, significa que há Deus, com o qual os homens justos, depois da ressurreição, estarão na glória que não terá fim."


Ramon Llull, "Livro das Maravilhas", in Obra Escogida, trad. Pere Gimferrer, Barcelona: Penguin Clásicos, 2016, p. 30. 

Thursday, January 24, 2019

DESMASCARAR


"Todo mentiras, que la muerte se encargaba de desmascarar cortando la marcha a los hombres en su dulce camino escalonado de ilusiones, echándoles fuera de él con la misma indeferencia que sus pies habían aplastado y puesto en fuga los rosarios de hormigas que avanzaban entre la hierba sembrada de huesos."

Vicente Blasco Ibáñez, La Maja Desnuda, 2.º ed., Barcelona: Plaza & Janes, 1978, pp. 248-249. 

Wednesday, January 23, 2019

IDIOTIA



"«O terror aos instintos inclui o terror à consciência intuitiva. «A beleza é uma armadilha» - «A beleza só é ilusória» - «A beleza física está na beleza do que fazemos» - «O aspeto não conta» - «Não se julgue pelas aparências.» - Reparando bem, desde há duzentos anos são-nos repetidos sem parar milhares destes execráveis provérbios. São todos falsos. A beleza não é uma armadilha nem ilusória, uma vez que envolve sempre uma modelagem com algum encanto; os que fazem coisas belas são muitas vezes feios e dignos de censura; se ignorarmos o aspeto das coisas cobriremos a Inglaterra com bairros de lata, e acabaremos por construir um estado espiritualmente depressivo e suicida. Somos idiotas se não julgarmos pelas aparências, isto é, se não confiarmos na impressão que as coisas nos fazem."


D. H. Lawrence, A Maçã de Cézanne... e eu, trad. Aníbal Fernandes, Lisboa: sistema solar, 2016, pp. 36-37. 

Tuesday, January 22, 2019

FRONTEIRAS


"O ser humano, pois, à medida que muda de lugar e de sociedade, encontra-se em condições de descobrir ou de compreender mais profundamente tudo quanto tem em comum com os restantes, unindo-se a eles mais além das fronteiras do local e do particular; as dimensões cósmicas da natureza, isto é, de uma natureza regida pela ordem dos astros, que nos comunicam umas verdades e umas leis divinas."

Claudio Guillén, O Sol dos Desterrados - Literatura e Exílio, trad. Maria Fernanda de Abreu, Lisboa: Teorema, 2005, p. 24. 

Monday, January 21, 2019

ANÓNIMOS



"Sus pasos resonaron en el profundo silencio. Sintiéronse rodeados de la rumorosa calma de un jardín abandonado, en el que eran más los quioscos y las estatuas que los árboles. Anduvieron bajo ruinosas columnatas que repercutían sus pasos con extraño eco; sobre losas que devolvían la sonoridad de sus huellas con ese estruendo sordo de los lugares huecos y oscuros. La nada estremecida en su desierto por un ligero rozamiento de vida. 
Los muertos que dormían allí estaban bien muertos, sin la leve resurrección del recuerdo, en completo abandono, consumiéndose en la podedumbre universal, anónimos separados por siempre de la vida, sin que de la immediata colmena de gentes viniese nadie a reanimar con llantos y ofrendas la efímera personalidad que tuvieron, el nombre que les rotuló por un instante."


Vicente Blasco Ibáñez, La Maja Desnuda, 2.º ed., Barcelona: Plaza & Janes, 1978, p. 241. 

Sunday, January 20, 2019

AS MENTIRAS


"Todo mentiras, que la muerte se encargaba de desenmascarar cortando la marcha a los hombres en su dulce camino escalonado de ilusiones, echándoles fuera de él con la misma indiferencia que sus pies habían aplastado y puesto en fuga los rosarios de hormigas que avanzaban entre la hierba sembrada de huesos."

Vicente Blasco Ibáñez, La Maja Desnuda, 2.º ed., Barcelona: Plaza & Janes, 1978, pp. 248-249. 

Saturday, January 19, 2019

VOZ DE VÍTIMA



"Su voz, al decir esto, era sincera, pero débil, desfallecida: voz de víctima que se resiste e intenta defenderse sin fuerzas. El pintor, perdido en la sombra, sintió la bestial satisfacción del guerrero primitivo que, tras las largas hambres en el desierto, hastábase en las abundancias de la ciudad asaltada entre rugidos selvajes. 
Quando despertó era de noche. La luz de los reverberos de la calle entraba por las ventanas con resplandor rojizo y lejano."


Vicente Blasco Ibáñez, La Maja Desnuda, 2.º ed., Barcelona: Plaza & Janes, 1978, p. 185. 

Thursday, January 17, 2019

GAZED



Tudo aquilo que vemos no dia a dia é, mais ou menos deturpado pelos hábitos adquiridos. – O esforço que é preciso para nos libertarmos das imagens fabricadas [através da fotografia, dos filmes e dos reclamos], exige uma verta coragem e essa coragem é indispensável ao artista, que deve ver tudo como se o estivesse a ver pela primeira vez. É preciso ser-se capaz de ver pela vida fora, como quando em criança víamos o mundo, pois a perda desta capacidade de ver significa simultaneamente a perda de toda a expressão original. Eu penso, por exemplo, que nada é mais difícil para o artista do que pintar uma rosa, porque, para criar, ele deve esquecer todas as rosas pintadas antes dele. O pintor deve possuir aquela simplicidade de espírito que o incline a acreditar que só pintou aquilo que viu. 

Henri Matisse, apud Walter Hess, Documentos para a Compreensão da Pintura Moderna, trad.  Ana de Freitas, Lisboa: Livros do Brasil, s.d., pp. 71-72. 

Wednesday, January 16, 2019

ENSOMBRECER



"Se ensombrecía el paisaje. El sol había desaparecido en el interior de aquel monstruo que llenaba el horizonte. Su lomo ondulado erizábase de plata, y como si no pudiera contener el ardoroso astro, estallaba su vientre dejando caer una lluvia de pálidos rayos. Después, abrasado por esta digestión, desvanecíase en humo, rasgábase en negras vedijas, y outra vez aparecía el rojo disco, bañando de oro cielo y tierra, poblando de inquietos peces de fuego el agua de los estanques.
Renovales, apoyado en la baranda, con un codo junto a la condesa, aspiraba el perfume de ésta, sintiendo el cálido contacto y las durezas calientes de un lado de su cuerpo."


Vicente Blasco Ibáñez, La Maja Desnuda, 2.º ed., Barcelona: Plaza & Janes, 1978, p. 150. 

Monday, January 14, 2019

INTENÇÃO



"É minha espontânea intenção usar esta atitude de primitiva ingenuidade com uma arte puramente literária, e fazer o deus Jano, segundo a minha opinião pessoal, tomar um significado a ser extraído, de forma nenhuma fora da sua divindade mas bastante fora das suas efígies."


Fernando Pessoa, "A dupla visão do deus imparcial", in Pessoa Inédito, coord. Teresa Rita Lopes, Lisboa: Livros Horizonte, 1993, p. 292. 

Sunday, January 13, 2019

INTUIÇÃO


"Mas o homem só pela intuição pode ter uma consciência real do homem ou do mundo substancial e vivo. O homem só pode pela intuição amar e conhecer a mulher ou o mundo, e só pela intuição pode voltar a gerar imagens de consciência a que chamamos arte. Outrora os homens geraram imagens de uma consciência mágica, e está agora convencionado que deveremos admirá-las."

D. H. Lawrence, A Maçã de Cézanne... e eu, trad. Aníbal Fernandes, Lisboa: sistema solar, 2016, p. 34. 

Saturday, January 12, 2019

DA PINTURA OTIMISTA



"Nós, eu e tu, querido leitor, nascemos cadáveres e somos cadáveres. Duvido que haja entre nós alguém que tenha alguma vez sabido, sequer, o que é uma maçã, o que é a totalidade de uma maçã. Nós todos não conhecemos mais do que sombras, mesmo no caso das maçãs. Sombras de tudo, do mundo inteiro, até sombras de nós próprios. Estamos dentro do túmulo; e o túmulo é vasto e sombrio como o inferno, mesmo que uma pintura optimista o mostre azul-celeste e faça crer que é o mundo inteiro. Mas o nosso mundo é um vasto túmulo cheio de fantasmas, de réplicas. Somos todos espectros incapazes de tocar em qualquer coisa, mesmo que seja apenas uma maçã. E espectros somos todos uns para os outros. Sois para mim um espectro, e para vós um espectro sou. Mesmo para vós próprios sois uma sombra - e por sombra entendo a ideia, o conceito, a realidade abstractizada, o ego. Não somos sólidos. Não vivemos na carne. Os nossos instintos e as nossas intuições, que são a guarda-avançada do toque e do conhecimento através do toque, estão mortos e amputados. Andamos, e falamos, e comemos, e copulamos, e rimos, e urinamos, e evacuamos envoltos pelos nossos sudários, sempre envoltos pelos nossos sudários."


D. H. Lawrence, A Maçã de Cézanne... e eu, trad. Aníbal Fernandes, Lisboa: sistema solar, 2016, p. 56. 

Friday, January 11, 2019

O DEMÓNIO DA FORMA


"Era una immensa desgracia vivir unida a un artista. Jamás casaría a su hija con un pintor: antes verla muerta. Los que llevaban dentro el demonio de la forma sólo podían vivir tranquilos y felices con una compañera eternamente joven, eternamente bella."

Vicente Blasco Ibáñez, La Maja Desnuda, 2.º ed., Barcelona: Plaza & Janes, 1978, p. 79.

Thursday, January 10, 2019

ALEGORIA



"Rompendo a cerca que na forma
o gosto lhe destina, o lagarto
arrasta-se pela parede, manchando 
de baba o véu da noiva que serve
de ecrã às imagens que se desprendem
da retina. Representações e mistério, 
diz o crítico, da forma nunca
dissipam a ignorância ou a dúvida. 
Uma vez lido, no poema ergue-se
uma teoria de escombros de que 
o olhar dissipou toda a bruma. 
Devastação interior por que
começa a teoria, sempre presa
às deambulações de um olho
que do fundo da forma a fita. 
Deposto sobre a mesa, o manjar
consiste em frutos cujas raízes
anómalas crescem das fissuras
por onde, na frase, entra o crepúsculo. 
Que sorte a paisagem ser interior...
Porque se uma flor nos distrai, 
o ofídio, rente à teoria, escava
o fundo a ruína até atingir
o ponto na tela em que
aos nossos próprios olhos
se torna indesejado o fruto."


Théodore Fraenckel, Iluminuras, s.l.: douda correria, 2018, s.p. 

Wednesday, January 9, 2019

SAÍDA



"Logo que sai da água, Jesus dirige-Se para o Deserto: da Multidão passa à Solidão."


Giovanni Papini, História de Cristo, trad. Francisco Costa, Lisboa: Livros do Brasil, 2006, p. 63. 

Monday, January 7, 2019

LUDÍBRIOS


"Naquela ocasião, porém, a sua postura não pareceu inteiramente convincente, zeloso como estava de cada uma das suas ações. Ela sabia-o culpado de muitos ludíbrios, mas também sabia que ele não tinha jeito para fingir ser o que não era, até porque era o seu verdadeiro eu que ele achava formidável. Era esse o salvífico dom de Lúcifer: o Senhor das Mentiras nunca era outro que não a autenticidade em pessoa."

John Banville, Mrs. Osmond, trad. Frederico Pedreira, Lisboa: Relógio D'Água, 2018, p. 260. 

Sunday, January 6, 2019

MAGI


"Os Magos, que se julgavam mais sábios do que os Reis, acharam, pelo contrário, uma criança de poucos dias, uma criança que ainda não sabia interrogar ou responder, uma criança que, feita homem, havia de desprezar os tesouros da matéria e a ciência da matéria."

Giovanni Papini, História de Cristo, trad. Francisco Costa, Lisboa: Livros do Brasil, 2006, p. 29. 

Saturday, January 5, 2019

DESPERTARES



"Despiérteme las aves
con su cantar sabroso no aprendido;
no los cuidados graves, 
de que es siempre seguido
el que al ajeno arbitrio está atenido."


Fray Luis de León, Liras, Salamanca: Edición No Venal, 2018, p. 4. 

Thursday, January 3, 2019

OLHAR



"«Todos os seus modelos têm um olhar triste», disse Rosier em voz baixa, num tom alheado, como se estivesse sozinho e a falar com os seus botões. «Todos eles, até os reis e os generais, parecem olhar condoídos para alguma coisa remota e terrível.»"

John Banville, Mrs. Osmond, trad. Frederico Pedreira, Lisboa: Relógio D'Água, 2018, p. 150. 

Wednesday, January 2, 2019

A VIDA


"Isabel afastou a chávena, fechou os olhos e cobriu-os com uma mão. Eram, sem dúvida, pensamentos perversos, os que lhe ocorriam agora acerca de uma pessoa que tinha morrido há tão pouco tempo, ainda por cima uma pessoa que lhe tinha votado um amor incondicional, sem que acalentasse qualquer esperança de receber algo da parte dela, salvo o inofensivo privilégio de murmurar "Brava!" e de lançar uma rosa aos seus pés, antes do fechar do pano, para lhe dar alguma força para a segunda parte do espetáculo. E no entanto, pensava Isabel, a vida não é uma metáfora, nem um monólogo dramático ou um espantoso número de circo. É um projeto mundano, concretizado não numa atmosfera empoada ou em tábuas polidas, mas no meio da terra, sem o toque transfigurador da arte, sem enlevos de qualquer espécie, salvo naquelas ocasiões, raras e preciosas, em que, à vulgar luz do dia, movidos por misteriosos poderes que nos ultrapassam, temos a impressão de ver o mundo eclodir diante de nós com um esplendor sobrenatural."

John Banville, Mrs. Osmond, trad. Frederico Pedreira, Lisboa: Relógio D'Água, 2018, p. 109. 

Tuesday, January 1, 2019

EIRENE



"Qué descansada vida
la del que huye al mundanal ruïdo, 
y sigue la escondida
senda, por donde han ido
los pocos sabios que em el mundo han sido!"

Fray Luis de León, Liras, Salamanca: Edición No Venal, 2018, p. 3.