Wednesday, September 19, 2007

FAZER AS MALAS PARA PARTE NENHUMA


"Faze as malas para parte nenhuma!
Embarca para a universalidade negativa de tudo
com um grande embandeiramento de navios fingidos -
Dos navios pequenos, multicolores, da infancia!
Faze as malas para o Grande Abandono!
E não esqueças, entre as escovas e a thesoura,
A distancia polychroma do que se não pode obter.
Faze as malas definitivamente!
Que és tu aqui, onde existes gregario e inutil -
E quanto mais util mais inutil -
E quanto mais verdadeiro mais falso -
Que és tu aqui? que és tu aqui? que és tu aqui?
Embarca, sem malas mesmo, para ti mesmo diverso!
Que te é a terra habitada senão o que não é comtigo?"


Álvaro de Campos, Vida e Obras do Engenheiro, ed. Teresa Rita Lopes, 2ª ed. Lisboa: Editorial Estampa, 1992, p. 107.

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