Monday, October 15, 2007

MUNDO NA SUA CONDENAÇÃO DIFERIDA


"O mundo na sua condenação diferida
não terá outro senão o rosto que lhe dei,
consolo nas palavras que não admitiram
âncora, leme ou governo, ilha para refúgio.

Aqui esperei o que veio, após o clarão
e o raio. Vi como desocultavam as máquinas
e desfilavam em parada os cavalos de estado
para que o mundo fosse a grande oficina.

Vi o sol guarnecer de gravuras o pesadelo,
antecipando-se a uma noite longa de três dias,
na qual sereis confiados a vosso coração e paciência
e ao ruído ecoado pelas câmaras de explosão."


Paulo Teixeira, Patmos, Lisboa: Ed. Caminho, 1994, pp. 59-60.

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