"Diz-se que os anjos voam doutro modo; leves; que não levam peso quando partem: a nossa miséria já filtrada, a sua misericórdia imponderável; flutuam; pairam; vogam: verbos de pouca densidade; cânones vigiaram o crescimento das asas nas pinturas heréticas; concílios redigiram normas a impor asas mais breves: para que voem; ut volent; basta a sua essência aérea; e assim, nenhum anjo sofreu as leis reais do nosso peso; nem pôde, por isso, conhecer-nos."
Carlos de Oliveira, Trabalho Poético, Lisboa: Círculo de Leitores, 2001, p. 318.
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