Thursday, February 27, 2014

MARULHEMOS



"Cabelos torrenciais daquela que me enleva, 
Deixai-me mergulhar as mãos e os braços nus
No báratro febril da vossa grande treva, 
Que tem cintilações e meigos céus de luz. 

Deixai-me navegar, morosamente, a remos, 
Quando ele estiver brando e livre dos tufões, 
E, ao plácido luar, ó vagas, marulhemos
E enchamos de harmonia as amplas solidões."


Cesário Verde, Poesia Completa, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2001, p. 66. 

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