Tuesday, May 7, 2019

A FLOR DO CAMPO



"Mais do que a amargosa pétala mastigada, 
seu aspro odor e seiva azeda, 
a lembrança antiga das camadas do sono:
há muito tempo, foi depois da missa,
eu e mais duas tias num caminho, as pernas delas
na frente, com meia grossa e saias.
No ar os cheiros do mato, as palavras cordiais, 
o céu pra onde íamos, azul, 
conforme as palavras de Nosso Senhor, 
os lírios do campo, olhai-os,
a flor do mato, a infância."


Adélia Prado, Bagagem, Lisboa: Cotovia, 2002, p. 118. 

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