Tuesday, June 25, 2019

TORREÕES DE LINHO




"Vê acolá, erguidas sobre a areia, 
Casitas brancas, ou torreões de linho, 
Onde se escondem corpos de sereia, 
Mais brancos do que o arminho!

Daqui a pouco tu verás, ó Musa!
As donas desses corpos envolvidas
Em uma negra, funerária blusa, 
E numas saias fúnebres, compridas!

Vão assim para as épicas batalhas
Desse profundo e tenebroso mar:
Todas de negro, envoltas em mortalhas;
Como mortos que levam a enterrar!"

António Nobre, Primeiros Versos, Porto: Lello & Irmão Editores, 1984, p. 59. 

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