Sunday, September 8, 2019

COMO ABELHA NUM COPO



"Não te queixes do rosto pensativo
E triste que te mostro. Para o lado 
Oposto ao que o teu olha, está voltado;
Não pode reflectir clarão tão vivo. 

Tu, se pensas em mim, não tens motivo
De recear, pois o meu ser, cansado, 
No círculo em que a dor o tem fechado, 
Como abelha num copo, está cativo.

Mas eu só penso em ti, considerando, 
P'ra além do amor, o fim do amor; prevendo
Que tudo há-de, por ti, ser olvidado.

Como quem, de alto monte contemplando, 
Um fresco vale, está, ao longe, veno
Brilhar, depois do rio, o mar salgado."


Elizabeth Barrett Browning, Sonetos Portugueses, trad. Manuel Corrêa de Barros, Lisboa: Relógio d' Água,  1991, p. 41. 

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