"Para não matar seu tempo, imaginou: vivê-lo enquanto ele ocorre, ao vivo; no instante finíssimo em que ocorre, em ponta de agulha e porém acessível; viver seu tempo: para o que ir viver num deserto literal ou de alpendres; em ermos, que não distraiam de viver a agulha de um só instante, plenamente. Plenamente: vivendo-o dentro dele; habitá-lo, na agulha de cada instante, em cada agulha instante; e habitar nele tudo o que habitar cede ao habitante."
João Cabral de Melo Neto, "A Educação Pela Pedra", in Poesia Completa (1940-1980). Lisboa: IN-CM, 1986, p. 156.
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