Wednesday, February 29, 2012

VIDA FÚTIL


"Vida Fútil - P'lo que acabas de dizer,
                   Facilmente se adivinha,
                   Que isto, que me faz mover,
                   É a vida, mas não é minha.
                   Mas isso pode lá ser !?...

Morte - É essa a verdade nua.
             E, se achas a vida bela,
             É mesmo por não ser tua,
             Pelo contrário, és tu dela;
             Tu cais, ela continua.

Vida Fútil (em tom de desafio)
            E se não sou eu também
            Quem à vida dá vigos,
            Diz-me, pois, quem a mantém?

Morte - São o prazer e a dor;
             Começam quando começa
             A vida a dar-se o sonhar;
             Quando uma e outro acabar,
             A vida já não interessa."


António Aleixo, "Auto da Vida e da Morte", in Este Livro que Vos Deixo, vol. I, 13ª ed., Lisboa: Editorial Notícias, 1998, p.115.

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