Thursday, October 25, 2018

CIRANDANTE



"O dom abade tinha-o encarregado de manter limpo o cemitério e o campo ao redor, para que tudo ficasse como se fosse jardim. Mas o cemitério permanecia com um ar de descuido e coberto de ervas. Não por incúria. Que o frade guardador dos mortos logo pelo romper da hora da madrugada pegava na chave da Porta dos Mortos, sempre atada ao lado a corda dos votos, que só ele guardava, e de vassoura de ramo de giestas varria o que um pequeno vento cirandante ora juntava sobre uma pedra tumular ora levava para mais longe, como se fugindo à frente do seu cuidado."

João Miguel Fernandes Jorge e Pedro Calapez, O Próximo Outono, Lisboa: Relógio D'Água, 2012, p. 37. 

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