Monday, August 24, 2020

BARTOLOMEU

 



"Por me verdes andar curvo para esse chão, 
          Pálido e esfarrapado, 
Não julgueis que não tenho em casa lar e pão
         Que sou filho enjeitado.

Os abutres têm ninho... As charnecas flores cem...
        Têm as prisões saudade...
E as ondas desse mar, órfãs como parecem, 
        Têm mãe na imensidade...

E eu também tenho um lar, família que me acoite, 
       Em que confio e espero:
Sabei que minha mãe tem por seu nome Noite
       E meu pai, Desespero!"


Carlos Fradique Mendes [Antero de Quental], "Guitarra de Satã II", in Joel Serrão, O Primeiro Fradique Mendes, Lisboa: Livros Horizontes, 1985, p. 286. 

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