Friday, October 4, 2013

OUTRO TEMPO



"Pois a alma não conhecerá outro leito de morte, 
entre muralhas que em vão tentam
deter avanço e conquista de exércitos;

aprazados dia e hora, neste lugar
onde as estátuas jacentes se sucedem
umas sobre as outras, desde a respiração
da flecha presa entre a corda e o arco
ao século do morteiro e da metralha, 
um, dois e quatro séculos mais tarde
e somados vinte voltaremos, num puro valimento, 
a largar em lentas camadas esta fidelidade
nossa ao nome e à pele da pátria. 

(Esse estremecimento em que o mundo e ramagem
se comovem à passagem de um vento
que levanta as cinzas de outro tempo.)"


Paulo Teixeira, Orbe, Lisboa: Caminho, 2005, p. 32.

No comments: