Tuesday, January 3, 2012

A ÁRVORE DE PLUTÃO


"Tudo opera no sentido de tentar compensar um défice, de culminar e acabar um ciclo (e trata-se na verdade de fechar um ciclo "do humano"). É por esta razão que a escrita mantém relações de parentesco com o universo ctónico, fúnebre, ao qual verdadeiramente pertence. Ela cobre o próprio facto de a vida ser aquilo que foi desalojado da linguagem, uma vida que só aparece nela própria sob uma espécie de condição "vitrificada". Ou, como escreve Steiner: "a verdade da palavra é a ausência do mundo." Então sim, podemos pensar em Dante como o poeta máximo, mas seguindo Nietzsche, também como "a hiena que faz poesia no mundo" (O Crepúsculo dos Deuses)."
Fernando R. de la Flor, Biblioclasmo, trad. Pedro Serra, Lisboa: Livros Cotovia, 2004, p. 193.

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