Tuesday, April 1, 2025

NÃO É IMPUNEMENTE

 



"Vento de nenhuma ordem
levai-me onde é costume ir
quem tem mais para perder
do que para possuir.

Que na própria confusão
das coisas desirmanadas
se encontra a terra e o chão
das almas desencontradas.

Ah, este relógio
que, imperturbavelmente,
me deixa para trás
e segue para diante...

Solicitamente
me navego e exalto.
Tudo o que no homem
é sagrado e eterno
se ergue para o alto."


Raul de Carvalho, "Versos - Poesia II", in Realidade Branca, Lisboa: Círculo de Leitores, 1975, pp. 139-140.

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