Thursday, March 11, 2010

DO ÔMPHALOS


"O buraco dentro do livro é um lugar esquecido pelo solo pausado,
a admiração tímida
da luz útil se querer fechar: uma flor nocturna com sono contra a voz,
concentrada numa força, energia,
potência. Não há medo,
as pedras guardadas fazem peso no corpo, peso no riso. Onde está a terra
que acolhe a sombra na qual se
abriga o poema?
O mundo tem a sua atenção antiga, violenta, música dormente dentro de
retratos esquecidos,
a arquitectura secreta de claustros treina o silêncio
quando chega outra face parada, a tímida ameaça apontar a
obediência da carne lenta, pesada,
medieval.
O buraco ou é a destruição do nome ou não é nada.
Descobrir o caminho da terra orgulhosa no seu espaço, as mãos coladas à
terra apontarem a mesma cor, aumentarem
a cor de Deus. (...)"


António Madureira Rodrigues, A Potência do Meio dos Nós, Vila Nova de Famalicão: Quasi Edições, 2009, p. 33.

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