"Nunca uma morte terrena tinha acontecido assim. Segurou-a ainda por um braço antes de a lançar para o abismo. A água surgiu devagar em cima das rochas E o seu corpo colou-se às grades que tapavam a entrada de um viveiro. Caiu lançando um grito e a espuma saltou no embate afugentando os pássaros do mar. Ninguém reconheceu neste acto um assassínio e no entanto o sangue desceu por uma ranhura e a pele cortada espalhou-se pelos cantos da praia entre as urzes.
Era o início de uma assombração."
Jaime Rocha, Os Que Vão Morrer, Lisboa: Relógio D'Água, 2000, p. 10.
No comments:
Post a Comment