"Celebremos mais uma vez o sacramento, a três: tu estás ajoelhado, eu de pé por detrás de ti, com a pele seca. O suor alarga os poros. O Sr. Padre coloca a hóstia sobre a tua língua carregada. No momento anterior, todos três podíamos ser englobados no mesmo número, mas eis que, movida por um mecanismo, a tua língua desaparece na boca. Os teus lábios unem-se. A tua deglutição propaga-se, e enquanto o objecto de ferro vibra num eco, eu sei que Mahlke, o Grande, sairá fortificado da capela de Santa Maria; e isso fará secar o suor; se um instante mais tarde o rosto lhe luzia, húmido, era apenas por causa da chuva. Fora, diante da capela, chuviscava."
Günter Grass, O Gato e o Rato, trad. Carmen Gonzalez, Lisboa: Círculo de Leitores, s.d., p. 136.
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