"As janelas que se partem
não têm vidros. Atiro-lhes pedras:
e o ruído de vidros que se partem
vem do gesto que faço, e não
dos vidros que se partem
nas janelas sem vidros. Mas
se não atirar a pedra, se ficar
com a mão atrás das costas
e a pedra fechada na mão,
a janela começa a bater
como se estivesse vento,
e obriga-me a fazer o gesto
de atirar a pedra
para que os vidros se partam
na janela sem vidros."
Nuno Júdice, Meditação sobre ruínas, 3ª ed., Lisboa: Quetzal Editores, 1999, p. 103.
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