Tuesday, February 18, 2025

OS REMOTOS CAMINHOS

 



"Tange um sino sem badalo
e memória já não há.
Há inverno das paredes, 
há cama, terra de adeuses,
e há silêncio nevando
em câimbra insensorial.
Nos mares da noite, em volta, 
os peixes do sono esquecem
os seus remotos caminhos.
A água prendeu o peixe, 
a sombra gelou no ar, 
sombra saída de mim, 
retardatária e dormente.
Não resta mais que um contorno
de branca ausência."


Maria Ângela Alvim, Superfície - Toda Poesia, Lisboa: Assírio & Alvim, 2002, p. 100.

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