"Consegui desculpá-la. Uma tristeza infinita subia-me à garganta como uma maré de lágrimas reprimida há muito tempo.
Não, eu não amava mais esta menina de Brest do que tinha amado as outras, de Malta. O que eu amava... era o Amor!
Ai destes que amam o Amor!
Porque hão-de ser sempre traídos: pode alguém amá-los intensamente, que nunca são amados o bastante! Acham muito simples coisas complicadas como a felicidade, por exemplo, a ternura, a paixão que se consome na espera de uma promessa ou de uma leviana, paixão que aumenta com o seu próprio, desgaste, tudo quer e muitas vezes mais nada quer, receosa de pedir em excesso, que já se não atreve às claridades da alegria, de tal forma se atreveu à sombra e ao silêncio do tormento."
Rachilde, O Farol de Amor, trad. Aníbal Fernandes, Lisboa: Editorial Estampa, 1987, pp. 117-118.
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