"O mar subia, trepava e parava sempre nos primeiros degraus, para recair estafado e cinco segundos depois retufar mais furioso do que nunca. Fazia à nossa frente este trabalho de inimigo, mas não tínhamos defesa: nem parapeito à entrada, nem grade férrea que lhe partisse os dentes. Trepava e vinha morder ali como se estivesse em sua casa. Acontece, no entanto, que um paredão invisível, a estiagem calculada pelos Srs. Engenheiros lhe domina a cólera. Nunca chega mais longe e quando lhe facilitam o caminho é para troçarem dele.
Mas o que o farol parecia era um mastro de navio a afundar-se, e a gente sentia-se levada a grande velocidade para tudo quanto era sítio."
Rachilde, O Farol de Amor, trad. Aníbal Fernandes, Lisboa: Editorial Estampa, 1987, pp. 31-32.
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