" - Como se em vez de tratar de visões se tratasse de paisagens concretas.- Sim, porque, além disso, as visões são minuciosas. Mas isso podia ser um tema para outro diálogo; talvez o mais importante seja o facto de ele acreditar que a salvação do homem deve ser não só ética como também intelectual. E ele tem uma espécie de parábola em que se refere a um asceta, e esse asceta pretende alcançar a salvação, renuncia a tudo, vive no deserto, morre e, efectivamente, chega ao Céu. Mas quando chega ao Céu fica perdido, porque, segundo Swedenborg, tudo o que existe na Terra, digamos, tudo o que se refere a formas e a cores, tudo isso existe também no Céu, mas de uma forma muito mais intensa e muito mais completa. E, além disso, pode haver até um certo vislumbre da quarta dimensão, pois diz-se que os anjos podem até conversar uns com os outros, mas estão sempre diante de Deus. É estranhíssimo, não é?"
Osvaldo Ferrari, Em diálogo com Jorge Luís Borges, vol. II, trad. Cristina Rodriguez e Artur Guerra, Círculo de Leitores, 2001, p. 195.
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