"O nada é um carteiro vegetal,
a clínica encerrada e misteriosa,
o tacto diluído que repousa,
o gozo do dilúvio universal.
A tarde do estio mineral
que salta envolta no mundo, ela é a fossa
onde tudo sonha, furiosa,
esfumado tudo, eterno sal.
O nada é a ebriedade de estar perdido,
o abandono da geometria,
cisne da fronteira devorada.
Humana pedra, lago convertido
em solidão, a máquina vazia.
Tudo dilucidado: isso é o nada."
Jesús Lizano, Mundo Real Poético, selec. e trad. Carlos d'Abreu, Lisboa: Barricada de Livros, 2019, p. 125.
No comments:
Post a Comment