"Ela principiou a rir-se, balançando-se para a frente e para trás na bergère, observando-o.
- Será verdade que não quer, Ralph? Não quer? Pois bem, eu deixá-lo-ei em paz por mais algum tempo, mas o seu dia de juízo está a chegar, não tenha dúvida. Não agora, talvez não nos próximos dois ou três anos, mas chegará. Serei como o Demónio e oferecer-lhe-ei... Não digo mais nada! Mas não duvide de que o farei. Você é o homem mais fascinante que já conheci. Atira a sua beleza ao nosso rosto, desdenhoso da nossa sensatez. Mas eu encostá-lo-ei à parede, vítima da sua própria fraqueza, fá-lo-ei vender-se por qualquer prostituta pintada. Duvida?
Ele inclinou-se para trás, sorrindo.
- Não duvido de que o tente. Mas não creio que me conheça tão bem como julga.
- Acha que não? O tempo o dirá, Ralph, e só o tempo. Estou velha; o tempo é a única coisa que me resta.
- E o que pensa que me resta a mim? - perguntou ele. - O tempo, Mary, nada mais que o tempo. O tempo, a poeira e as moscas."
Colleen McCullough, Pássaros Feridos, trad. Octávio Mendes Cajado, s. l.: (sic) idea y creación cultural, 2008, p. 97.
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