"O amor inventou-o depois o estragamento dos bons costumes gregos e romanos, como coisa necessária e acirrante aos paladares botos dos filhos viciosos das cidades.
Ainda agora nas aldeias, afastadas dos focos da corrupção, coisa que eu nunca ouvir dizer é: «A Maria do Ribeiro ama o António da Capela.» Lá não se diz ama; é querem-se. «Querem-se» é outra coisa; é amalgamarem-se num só ser, em uma só vontade, numa identidade de alma e corpo tal, e tão uma que nem sequer cogitam se há desgraça com força de desuni-los aquém da morte. E para lá da sepultura ainda eles têm como seguira a vida imortal em união de penas ou glórias."
Camilo Castelo Branco, Coração, Cabeça e Estômago, Lisboa: Aletheia Editora/Expresso, 2017, p. 172.
No comments:
Post a Comment