"Pôr a mão sensível na frialdade
da laje do túmulo do Apóstolo.
São cinco covas de infinitos dedos.
Alguém está sempre ali, mostra
que a carne mole em pedra
dura abre os cinco caminhos covos.
Pentágono, depois, ou cifra,
cada das mil mãos devolutas
moldou o seu não ser.
Asas de vime deixadas soltas,
sovelas, meadas de lã e esparto,
socapas, e tudo o que é corrupto
nos gestos rústicos ausentes
se tornam ofertas incorruptas.
Preenchem as mãos desses devotos corpos
que veneram tão pequeno esquife
de pedra onde veio o Apóstolo
varar em nenhum contorno ibérico,
mas sim no esplendor onírico."
Fiama Hasse Pais Brandão, "Três Livros - Poemas Galaicos", in Obra Breve, Lisboa: Teorema, 1991, p. 548.
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