Wednesday, July 13, 2022

RUFO

 


"Nas quatro noites que Soares passou fora de casa, Alfredo pela volta da uma hora cosia-se com a parede do longo corredor, entreabria a porta do quarto de Ermelinda e fechava-a depois por dentro. E até às quatro, cinco horas da manhã, o leito conjugal era desonrado nos delírios de um adultério, que uma lubricidade insaciada alimentava. Ermelinda tinha o cuidado de preparar o despertador para os alarmar antes que os criados acordassem, podendo surpreender Alfredo. E era o seu rufo metálico, áspero e irritante, que os fazia despegar os braços um do outro, meio embriagados de prazer, ainda co beijos vagos e frouxos, como as últimas pétalas caídas da flor desfolhada dos seus desejos..."

Luís de Magalhães, O Brasileiro Soares, Porto: Lello & Irmão, 1981, p. 116. 

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