"Pressentimos que, nas nossas vidas, há um anúncio próximo, uma fusão inexorável, e cultivamos o abrandamento do tempo, o afastamento do instante, para tornarmos manso o lance inevitável.
Damos nomes ao que somos juntos, reconhecendo que o Amor é o seu único nome, mas tememos dizê-lo para não apressar a morte.
Não somos daqui, não somos estrangeiros aqui, nem aqui nos sentimos em exílio. O lugar do nosso nascimento estará connosco até ao fim. E, mesmo isso, não o dizemos abertamente.
Sabemos que nada é indiferente no nosso encontro verdadeiro de pessoas. Mas é tão grande o que se anuncia que preferimos calar o que vemos anunciado. O nosso encontro é original, profético e único. Faz parte das origens, inscreve-se num desígnio que ultrapassa em muito os amantes envolvidos e, no entanto, envolve apenas os que trocaram entre si essa palavra."
Maria Gabriela Llansol, Onde Vais, Drama-Poesia?, Lisboa: Relógio D'Água, 2000, pp. 286-287.
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