"Sou o fogo e a sede e as flores
Pertenço ao sol, sou do sol dos meus dias
Incendiados na dor das ausências
E sou. Sou do mar dos navios
Desses apenas que partem
Da cor de um aceno que exausto
É rouco no seu agitar
E pertenço à dor das espadas
E àquelas que vestem o luto
Preparando o dia da guerra
Entre os irmãos — os seus filhos —
E caminho da minha infância
Por entre as bilhas da água
Levedando o barro e o linho
E do colo sou
E ouvindo adormeço
Ouvindo o regresso
De minha mãe"
Daniel Faria, Poesia, 2ª ed., ed. Vera Vouga, Lisboa: Assírio & Alvim, 2015, p. 422.
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