"À noite, quando os sinos repicam paz,
sigo o voo maravilhoso das aves,
Que em grandes bandos como peregrinos,
Desaparece na clara extensão outonal.
Viajando através de jardins crepusculares,
Sonho com os seus destinos mais brilhantes
E já mal sinto os ponteiros do relógio indicarem o passar das horas
Assim sigo as suas jornadas sobre as nuvens.
Então um sopro de ruína faz-me estremecer.
O melro lamenta-se nos ramos desfolhados.
Uma vinha baloiça nas grades enferrujadas,
Entretanto, como um coro mortal de pálidas crianças
À volta das bocas de poços desgastados
Dobram-se ao vento congelando as hastes azuis."
Georg Trakl, Poemas, trad. e pref. António de Castro Caeiro, Lisboa: Abysmo, 2019, p. 99.
No comments:
Post a Comment