"No perdido jardim que a Esfinge guarda
Onde unidos o trevo e o azul risonho
Estão numa perfeição que me acobarda
Fita-me o anjo que desperta o sonho.
Combinação de lua e anjo da guarda,
A seus estranhos ritos me disponho
E no oriente de um porvir que tarda,
Sei-me rainha e toda a alma ponho.
O meu silêncio de cristalinas falas
É a voz do meu povo, aqui proscrito,
Que em entrevistos céus me quer e aguarda.
Vou por bosques do sonho abrindo alas
E ao fim alcanço-me onde raia o mito
Do perdido jardim que a Esfinge guarda."
Natália Correia, Antologia Poética, org. Fernando Pinto do Amaral, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2002, p. 268.
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