"Saúda a hora, esse fugidio ar dos minutos,
como quem, convertido à fonética do silêncio,
soçobra na linguagem autista do poema.
Os pulmões expiram para longe o hálito
dos anos e a memória alastra pelo papel
como uma assinatura. Este continente,
lugar imposto no gráfico da tua vida, fixa-o,
preste a erguer-se no ar como morada de exílio,
na lenda que é já a visão da tua íris estriada.
Com o nível do sangue a latejar na garganta
escreve, sob a luz dos revérberos, a despedida
às cerimónias crepusculares do velho mundo."
Paulo Teixeira, "Inventário e Despedida", in O Último Poeta Romano, Lisboa: Imprensa Nacional, 2020, p. 125.
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