"Aquele colégio foi destruído. Já não existe. Quando soube disto, não consegui esconder a minha satisfação. Julgara-o imortal. Também a majestosa escadaria de mármore, e as camas rodeadas de gaze, que anunciavam candor e morte, foram demolidas. Contei a Frédérique, a ela podia dizê-lo, quanto a destruição daquele edifício me tinha dado «un parfait contentement» (como está escrito numa carta de tarot). Disse também a Frédérique que talvez tenham sido os nossos pensamentos, ou as emanações que habitam a idade da inocência, a destruí-lo. Ela dizia que a inocência é uma invenção dos modernos."
Fleur Jaeggy, Felizes anos de castigo, trad. Ana Cláudia Santos, Lisboa: Alfaguara/Penguin Random House, 2023, p. 81.
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