"O outro caso é o de Domingas Domingues, que apresenta uma história deveras interessante e bem complexa e elucidativa do contexto e das implicações da cura. De novo, na presença do túmulo da rainha e das testemunhas anteriormente referidas, compareceu Domingas Domingues, que narra o seu caso, referindo que em tempos «que não sabia quando» bebera uma sanguessuga e que devido a isso tinha frequentes «golfadas de sangue», que alguns diziam ser de uma dor que ela tinha, outros da referida sanguessuga.Para pôr fim a tal desgraça, aconselharam-na a ir à Fonte do Alfafar para beber da sua água, e que tal não resultara, e depois fora ainda a um barco, chamado o «veleiro», junto a Penela, e que igualmente bebera de uma água, que também não surtiu qualquer efeito. Depois foi a São Brás de Coumbra, e ainda a Santa Maria da Parede da Igreja de São Bartolomeu e nada disto resultou, até que foi aconselhada a ir junto do túmulo da rainha Isabel em Coimbra. Aí pedira-lhe «do coração e de vontade" que rogasse a Deus por ela e que a aconselhasse sobre o que fazer com o seu sofrimento, e lançando muito sangue sobre o túmulo sai-lhe pelo nariz a referida sanguessuga, ficando curada."
Maria Filomena Andrade, Isabel de Aragão, mãe exemplar, Lisboa: Círculo de Leitores, 2012, pp. 26-27.
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