"Ná há nada fora da gente que nos possa dar um lugar», disse ele. «Nã vale a pena olhar prò céu porqu'ele nã se vai abrir nem nos vai mostrar nenhum sítio através das nuvens. Nem vale a pena andar à cata dum buraco no chão que nos deixe ver qualquer coisa que esteja para lá disso. Nã podemos ir nem prà frente nem pra tràs, nem prò tempo dos nossos pais nem prò dos nossos filhos, se os tivermos. Todo o espaço qu'existe 'tá dentro de nós, agora mesmo. Se houve alguma Expulsão do Paraíso, procurem aí, se houve Redenção, procurem aí, e se 'tão à espera dalgum Julgamento, procurem aí, porque todas três coisas vão ter d'acontecer no vosso tempo e no vosso corpo, e onde no tempo e no corpo é qu'isso pode existir?"
Flannery O'Connor, Sangue Sábio, trad. Nuno Batalha, Lisboa: Cavalo de Ferro, 2007, pp. 125-126.
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