“A partir desse momento, a medula dos meus ossos ressequiu-se e tornei-me como uma sombra. A minha alma abandonou o meu corpo extenuado e ficou a errar entre estas paredes, como anunciava o vaticínio do santo homem. Esperei, mas em vão, ser libertado das penosas correntes que me ligavam ainda à terra; pois, fica a sabê-lo, quando a alma se separa do corpo, ela aspira ao lugar do repouso; esse vivo desejo faz os anos parecerem-me tão longos como séculos, enquanto ela definha num elemento estranho.”
“O Amor Mudo”, in Fantasmagoriana – Aparições, Espectos, Assombrações, trad. Nuno Fonseca, ed. Adriana Molder, Lisboa: Documenta, 2018, p. 54.
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