"Sinto às vezes ferir-me a retina ofuscada
Um sonho: - A Natureza abre as perpétuas fontes:
E, ao clarão criador que invade os horizontes,
Vejo a Terra sorrir à primeira alvorada.
Nos mares e nos céus, nas rechãs e nos montes,
A Vida canta, chora, arde, delira, brada...
E arfa a Terra, num parto horrendo, carregada
De monstros, de mamutes e de rinocerontes.
Rude, uma geração de gigantes acorda
Para a conquista. A uivar, do refúgio das furnas
A migração primeira, em torvelins, transborda.
E ouço, longe, rodar, nas primitivas eras,
Como uma tempestade entre as sombras nocturnas,
O estrupido brutal d'essa invasão de feras."
Olavo Bilac, "As Viagens", in Poesias, 22.ª ed., Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1946, p. 235.
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