"Penso em portas. Descubro uma tese académica com título «Kafka e as Portas» e pergunto-me: porquê as portas? Para mim, Kafka são castelos, praças escurecidas, Kafka são corredores apertados dentro de casa, mas não são portas. Lembro-me de perceber a presença de K. em Praga, no centro histórico, a meio de uma praça à noite. Onde mais senti K. presente foi nos velhos batentes dos portões das igrejas e dos edifícios municipais. Agarrava o batente de uma porta e imaginava um K. miúdo, a fazer o mesmo. Afinal, sim: Kafka são portas."
José Gardeazabal, Quarentena - Uma História de Amor, Lisboa: Penguin Random House/Companhia das Letras, 2021, p. 82.
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