"Aquela fé tão clara e verdadeira,
A vontade tão limpa e tão sem mágoa,
Tantas vezes provada em viva frágua
De fogo, i apurada, e sempre inteira;
Aquela confiança, de maneira
qu'encheu de fogo o peito, os olhos d'água,
Por qu'eu ledo passei por tanta mágoa,
Culpa primeira minha e derradeira,
De que me aproveitou? Não de al por certo
Que d'um só nome tão leve e tão vão,
Custoso ao rosto, tão custoso à vida.
Dei de mim que falar ao longe e ao perto;
E já a si consola a alma perdida,
Se não achar piedade, ache perdão."
Sá de Miranda, Poesia, org. Alexandre M. Garcia, Lisboa: Editorial Comunicação, 1984, p. 275.
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