"D'uma gaze de luz na transparente alvura,
O luar- opala fluida - envolve a terra e o céu...
É tudo branco sob o luminoso véu,
Qual paisagem polar, que argenta a neve pura.
Nada bole em redor, nada em redor murmura:
Tudo se extasiou em sonho, e emudeceu...
A matéria - ó prodígio! - em alma se volveu
E nada em beatitude e mística doçura!
Mas, de súbito, além, nostálgica e pangente,
A voz d'um rouxinol rompe do alvor silente
E, nessa imensa paz, a gorgear, descanta.
E vibra uma tal dolência de elegia,
Tão cheia de mistério e de melancolia,
Que dir-se-á ser o luar que, eoliamente, canta!"
Luís de Magalhães, Antologia Poética, selec. José Valle de Figueiredo, Maia: Edição da Câmara Municipal da Maia, 1998, p. 235 [ort. atual.].
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