"Que belas são as manhãs do mundo.
Nelas se refugia tudo o que, expectante,
exclui qualquer sentimento de possa.
Antes algo de indizível, um canto
advindo de um qualquer ponto invisível
do horizonte. Inefável carícia na alma
e arrepio simultâneo de inesperada
revelação, tudo sendo primeira vez,
renascer sucessivo, esplendor de orvalho
perfumado de alba e luz, lágrima feliz.
À beira-mar um casal caminha. Um cão
e uma criança correm, salpicam o ar
de esfusiante alegria. E é a primeira
das primeiras manhãs do mundo."
Flor Campino, Sem arco nem flecha, Poética Editora/Sabaria Editora, 2023, p. 82.
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