"Porque esse tempo sobrecarregado de acontecimentos que enchem o presente e o passado próximo, cada um de nós tem ou pensa ter uso. O que, sublinhe-se, aumenta ainda a nossa procura de sentido. O prolongamento da expectativa de vida, a passagem à coexistência habitual de quatro e já não três gerações, arrastam as progressivas mudanças práticas na ordem da vida social. Mas, ao mesmo tempo, aumentam a memória colectiva, genealógica e histórica, e multiplicam, para cada indivíduo, as ocasiões em que ele pode ter o sentimento de que a sua história cruza a História e que esta diz respeito àquela. As suas exigências e decepções estão ligadas ao reforço desse sentimento."
Marc Augé, Não-Lugares. Introdução a uma antropologia da sobremodernidade, 2.ª ed., trad. Lúcia Mucznik, Venda Nova: Bertrand Editora, 1998, p. 37.
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