"Já folheias o corpo as folhas mudas
com a mão no silêncio me descobres
e me tomaste todos os sentidos
ó insensato ouvido
pois em folha te deito lençol leito
no coração da trégua te desenho
serás amanhecendo uma outra letra
ó demorada boca
já tudo te permites mesmo o espanto
da cor inesperada que tiveram
por um momento as tuas mãos em vidro
irreflectidas
visto melhor verás o prateado
reverso da floresta
e o amor que permites nele inscrito
ó cautelosa gente."
António Franco Alexandre, "A Pequena Face", in Poemas, Lisboa: Assírio & Alvim, 2021, p. 158.
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