"O interesse não está na resposta que desse, mas na prova de que seria possível perguntar onde está guardada a cor do mundo, sem que a linguagem se nos estilhaçasse na boca. Os mundos não acabariam. Nem tal apocalipse seria de tentar. Apenas teria sido possível acrescentar-lhe outro. Deixando a fraternidade a cuidar do sapiens, como tem tratado, os objectos tratariam de se colorir de vivo. Não que Deus não durma, e continuará a dormir enquanto a literatura o acusar de ter criado um esqueleto inclassificável, mas passaria a ocupar-se de coisas mais acessíveis como, por exemplo, feno, palha, imagens indomáveis e ossos calcinados."
Maria Gabriela Llansol, O Senhor de Herbais, Lisboa: Relógio D'Água, 2002, p. 77.
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