"Amontoador de nuvens e de versos,
amante sem emenda e muito sério,
insensato e vidente, vítima d'assédio
de vis sons controversos.
Suspenso por um fio de saliva cósmica,
qual onda de bondade a invadir-me o corpo
se, taciturno e flébil, só recordo
tua beleza áulica.
Os sons passam, de vis, a ser ciência;
com surdas vibrações, vozes toantes,
e os livros, que palpitam nas estantes,
lêem-se à transparência.
Nesse momento fixo bem tua figura,
amontôo mais nuvens do cachimbo
e mais versos com fôrça d'exorcismo
e d'erotismo em fúria."
António Barahona, Raspar o Fundo da Gaveta e Enfunar uma Gávea, Lisboa: Averno, 2011, p. 63.
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