"Os teus olhos são frios como as espadas,
E claros como os trágicos punhais;
Têm brilhos constantes de metais
E fulgores de lâminas geladas.
Vejo neles imagens retratadas
De abandonos cruéis e desleais,
Fantásticos desejos irreais,
E todo o oiro e o sol das madrugadas!
Mas não te invejo, Amor, essa indiferença
Quer viver neste mundo sem amar
É pior que ser cego de nascença!
Tu invejas a dor que vive em mim!
E quanta vez dirás a soluçar:
«Ah! Quem me dera, Irmã, amar assim...»"
Florbela Espanca, Sonetos Completos, 8.ª ed., Coimbra: Livraria Gonçalves, 1950, p. 78.
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